Inverter o cenário de baixa escolarização e qualificação da população activa portuguesa é uma aposta a ganhar. Oito dezenas de profissionais debateram a Iniciativa Novas Oportunidades em Soure.
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Reflectir sobre a problemática da educação e formação de adultos, no novo enquadramento da Iniciativa Novas Oportunidades, é o objectivo do encontro que se iniciou ontem na sede do Agrupamento de Escolas de Soure.
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Na sessão de abertura do encontro, o governador civil de Coimbra afirmou que a qualificação da população, no âmbito desta iniciativa, é “um desígnio nacional”. Henrique Fernandes, que substituiu o secretário de Estado da Educação, que não pode estar presente por compromissos relacionados com a Presidência Europeia, sublinhou que hoje “o desafio é proporcionar a quem já desempenha uma actividade, com um pequeno complemento de formação, a sua certificação”.
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De igual modo, a directora regional adjunta de Educação do Centro realçou que hoje se assiste a uma “fase de mudança” com a aposta na escolarização e qualificação dos portugueses, procurando ultrapassar o défice que existe. “Todos somos poucos”, afirmou Cristina Lopes, apelando às parcerias e lembrando que a meta é levar os adultos a concluir primeiro o 9.º ano e depois o 12.º ano. O objectivo é formar um milhão de portugueses até 2010 e conseguir que até 2013 todos os adultos que não tiveram oportunidade de estudar possam frequentar os Centros Novas Oportunidades, acentuou a responsável.
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Também a vereadora da Educação da Câmara de Soure realçou a existência, no concelho, de dois Centros Novas Oportunidades. “Estamos já a ver resultados na melhoria da qualificação da população, quer em Soure, quer de concelhos limítrofes”, afirmou.
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Na sua intervenção, o presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Soure – com mais de dois mil alunos, de 13 nacionalidades, e 250 professores –, realçou a preocupação em assegurar “uma oferta educativa assente em cursos duplamente qualificantes”: cursos tecnológicos, cursos profissionais e cursos de especialização tecnológica.
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“A responsabilidade de intervir também na qualificação académica e profissional da população do concelho levou o agrupamento a criar, há um ano, o Centro Novas Oportunidades, cuja actividade tem sido um êxito enorme”, referiu Ramos Pereira, ao sublinhar que nele estão inscritas 800 pessoas, 240 frequentam cursos e 150 foram certificados.“Esta é a nossa contribuição para ajudar a resolver um problema nacional, que é a baixa qualificação da população activa portuguesa”, frisou, recordando que os números indicam que “50% da população activa portuguesa não tem a escolaridade básica”.
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Na abertura do encontro, que hoje termina, participaram ainda Maria do Carmo Gomes, directora do Departamento de Coordenação e Gestão da Rede de Centros Novas Oportunidades, e o director do Centro de Formação, António Cerca. Organizado pelo Centro de Formação Sicó-Norte, no encontro participaram cerca de 80 profissionais, incluindo coordenadores de Centros Novas Oportunidades, técnicos RVCC, formadores e professores interessados neste processo, dos seis distritos da região Centro, acompanhados por um conjunto de especialistas.
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Plano de alfabetização no concelho
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No concelho de Soure deverá arrancar ainda este ano um plano de alfabetização de adultos, inserido no âmbito de cursos específicos do Centro Novas Oportunidades. O projecto, anunciado ontem pelo presidente do conselho executivo do Agrupamento de Escolas de Soure, pretende envolver vários parceiros para “uma intervenção activa na redução da taxa de analfabetismo”, que no concelho se situa em cerca de 12 por cento, referiu Ramos Pereira, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS.
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“Só concretizamos este projecto com êxito se conseguirmos envolver as instituições particulares de solidariedade social, onde estão alguns idosos que podem fazer este tipo de aprendizagem, e as juntas de freguesia, que podem ceder espaços para a realização dos cursos”, afirmou o responsável, realçando que “a ideia é ir ter com as pessoas aos locais onde elas residem”. O desenvolvimento do projecto exige também o apoio da tutela, para que “disponibilize meios e recursos humanos”, e da Câmara Municipal de Soure, acrescentou o responsável, ao acrescentar que a aquisição de competências como a escrita e a leitura são “essenciais para o exercício de uma cidadania responsável”.
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In Diário As Beiras
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