IX Festival de Danças e Cantares do Grupo de Pauliteiros de Vila Nova de Anços

. sexta-feira, 31 de agosto de 2007
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Festa invade Vila Nova de Anços
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O Grupo de Pauliteiros de Vila Nova de Anços, uma pequena aldeia do concelho de Soure, no distrito de Coimbra, cumpre hoje uma tradição que remonta a 1999, e abre o seu Festival de Danças e Cantares. Pelo nono ano consecutivo a festa sai à rua e invade a localidade.
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No passado dia 15 completaram 72 anos sobre a data da sua formação. São, por isso, um dos grupos de folclore mais antigos de Portugal, e mantiveram sempre a chama da regularidade. Conhecidos e prestigiados aquém e além fronteiras, tais são as solicitações para actuarem nos mais diversos pontos do País e até lá fora, os Pauliteiros de Vila Nova de Anços têm dificuldade em escapar à comparação com os de Miranda do Douro – a maioria dos portugueses desconhece mesmo a existência de outros grupos de pauliteiros, de outras proveniências –, mas frisam que têm características muito próprias. Desde logo o traje, mais sóbrio e bastante menos garrido do que os do grupo transmontano, mas também os paus com que se apresentam nos espectáculos, que são mais curtos do que os utilizados pelos bailarinos mirandeses (medem apenas cerca de 60 centímetros de comprimento e cerca de três de diâmetro) e são pintados de branco, com listas vermelhas, as extremidades em azul e amarelo (as cores da freguesia) e no topo ostentam duas fitas em cruz, com as cores de Portugal.Com um percurso de sucessos reiterados (são normalmente aclamados em todos os lugares por onde passam, repetindo quase sempre a presença em posteriores edições dos mesmos eventos de folclore), estão de novo a preparar a celebração do seu festival anual, que arranca esta noite, com um calendário de actividades paralelas, e se prolonga por todo o fim-de-semana. Assim, para as 22h30 de hoje está prevista, a abrir o festival, uma actuação da Orquestra Juvenil de Sopros da Sociedade Filarmónica e Recreativa de Beneficiência Vilanovense, uma entidade que tem uma longa parceria com os Pauliteiros, partilhando até alguns dos seus elementos, seguida de uma noite de baile com a Banda Zona, projecto musical da localidade que tem grangeado enorme sucesso na Região Centro.
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Em concreto, o IX Festival de Danças e Cantares do Grupo de Pauliteiros de Vila Nova de Anços tem início amanhã, pelas 21h30, com o já tradicional desfile pelas ruas da freguesia dos grupos de folclore participantes, que neste ano são cinco, e que sobem ao palco em seguida: o grupo anfitrião, em representação da região do Baixo Mondego, abre o programa do festival, seguindo-se o Rancho Folclórico de Cabrela (Alentejo), o Rancho Folclórico e Etnogáfico de Trancoso (Beira Alta), o Rancho Folclórico de São Salvador de Árvore (Douro Litoral), que responde ao convite dos Pauliteiros, depois de, na passada semana, estes terem também sido convidados para as festas locais, em Vila do Conde, e no fim o Rancho Folclórico de Santa Catarina/Tavira (Algarve). A noite termina com um concerto pela banda CNN.
No domingo a animação começa mais cedo, quando pelas 17h30 subir ao palco a Orquestra Filarmónica e Recreativa de Beneficiência Vilanovense, seguindo-se, à noite, a Orquestra Típica da Associação Académica de Coimbra (21h30), o Grupo de Cavaquinhos do Louriçal (23 horas) e o «Baile Big Jovem», com início previsto para a meia-noite.
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A nona edição do Festival de Danças e Cantares do Grupo de Pauliteiros de Vila Nova de Anços reúne apoios da Câmara Municipal de Soure, da Junta de Freguesia de Vila Nova de Anços, da Delegação Regional de Coimbra do INATEL, da Casa do Povo de Vila Nova de Anços, da Sociedade Filarmónica Vilanovense, da Associação de Caça e Pesca de Vila Nova de Anços e dos meios de informação locais: o «Jornal Popular de Soure» e o jornal «Preto no Branco».
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Há sete décadasa dançar com paus
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Vila Nova de Anços é, apesar do nome, uma aldeia. Sede de freguesia, aninha-se nas margens do Mondego, permanecendo a uma quase equidistância de Coimbra, Figueira da Foz e Pombal. Tem actualmente três mil habitantes e vive ainda muito ligada à agricultura, com enorme relevância do cultivo do arroz e do milho. Foi nesse contexto que, no dia 15 de Agosto de 1935, um emigrante vilanovense regressado do Brasil, de seu nome João Serrano, criou um grupo de jovens que começou a ensaiar a “dança dos paus”, de raízes brasileiras, adaptada a temas da tradição e do folclore nacionais, representando os trabalhos agrícolas locais da altura e os agradecimentos a alguns santos. A história encarregou-se de fazer do inicialmente designado Grupo Desportivo Pauliteiros de Vila Nova de Anços exemplo de persistência em nome da arte, e sete décadas de actividade ininterrupta demonstram bem a força do “grupo de rapazes” que negou ceder a Trás-os-Montes o monopólio daquele tipo de folclore em Portugal.
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“Brincadeira”
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Numa primeira fase as actuações aconteciam “por brincadeira” nas festas em honra de Nossa Senhora da Conceição. As danças eram corridas com paragens bruscas, que davam lugar ao batimento dos paus, mas evoluíram para reproduções dos sons relativos aos trabalhos agrícolas. Porque eram trabalhos desenvolvidos por homens, também o grupo fechou portas às mulheres, e só homens e rapazes (o mais novo ainda não anda na escola) compõem o grupo. O acompanhamento musical diverge do normal no folclore nacional, graças à inclusão de instrumentos de sopro (clarinete, trompete, saxofone e trompa), além do tradicional bombo, do acordeão, do reque-reque e dos ferrinhos.
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In O PRIMEIRO DE JANEIRO
by Carla Teixeira

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