É na Serra de Degracias que vai nascer a primeira reserva de carvalho português do concelho de Soure, resultante de um projecto conjunto entre a autarquia local e a Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza. Mas no coração da vila sede de concelho, na zona de Bacelos, estão desde ontem plantados alguns exemplares desta espécie autóctone característica do Maciço de Sicó. Quercus, Câmara de Soure, Junta de Freguesia de Soure e muitas mais entidades do concelho puseram mãos à obra e plantaram alguns exemplares, criando assim uma espécie de mini floresta autóctone. O primeiro a meter as “mãos na terra” foi Américo Oliveira, o primeiro presidente da Quercus, que ontem, Dia da Floresta Autóctone, foi homenageado pela associação, 23 anos depois da sua fundação.
Soure dá o exemplo na reflorestação do país
«São imensas as razões para plantar quercus (nome científico do carvalho)», disse Paulo Magalhães, coordenador do projecto que envolve a associação e a autarquia e que permitiu a assinatura do primeiro contrato de custódia do território em Portugal. «Quando nascemos ficamos com a ideia de que a floresta são pinheiros. Fomos o país que mais cedo destruiu a floresta», justificou, citando o professor Jorge Paiva, que costuma dizer que para os portugueses fazerem os descobrimentos foi necessário destruir oito milhões de carvalhos. A floresta está, portanto, diferente. Para pior. «Agora temos de reduzir as emissões de CO2 e recuperar a capacidade de absorção do planeta», plantando espécies autóctones, que deverão substituir os pinheiros e eucaliptos, erradamente plantados em Portugal, concluiu o responsável da Quercus.A iniciativa de ontem foi «mais um passo para a reflorestação a nível nacional», afirmou, desejando que a reserva de carvalho português em Soure, que será composta por 30 mil árvores a plantar até ao próximo ano, «se multiplique pelo país fora». E o desafio é plantar cada vez mais, fazendo como a Macedónia que «num só dia plantou seis milhões de árvores».
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Para além da plantação do carvalho português, a autarquia de Soure tem em desenvolvimento um outro projecto no mesmo âmbito: a reflorestação com espécies ripícolas nas margens do rio Arunca, na freguesia de Vila Nova do Ceira. E também ontem, durante a manhã, foram plantados alguns exemplares de espécies autóctones nesta zona. É uma «preocupação acrescida de valorização do meio ambiente», disse o presidente da Câmara de Soure, congratulando-se com a parceria que foi possível estabelecer com a Quercus, juntando ainda 12 associações e instituições concelhias. «Que o mundo que legaremos seja melhor do que o que encontrámos», desejou João Gouveia, afirmando que se isso não acontecer «não será por falta de motivação de Soure».
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Uma «motivação» que o governador civil de Coimbra constatou, afirmando que «em Soure as preocupações ambientais não são retórica, são mesmo para fazer». «Se não soubermos voltar a ter a relação com a floresta que tínhamos antes da “pinheirização” não teremos seguramente um bom futuro», constatou, falando não apenas ao nível ambiental, mas até financeiro. «O combate aos fogos custa todos os anos milhões de euros só no distrito, um custo para todos nós que poderia ser aplicado no desenvolvimento».
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In Diário de Coimbra
by Margarida Alvarinhas
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