Caçadeira de canos serrados foi argumento suficiente para obrigar a abrir o cofre, tendo “desaparecido” cerca de 100 mil euros em ouro
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Um grupo de indivíduos, presumivelmente quatro, assaltou ontem, pouco antes das 13h00, a Ourivesaria Leitão, em Soure, com recurso a armas de fogo, tendo levado praticamente todo o ouro, incluindo as jóias usadas pelo proprietário do estabelecimento.
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Ainda a sentir «o cheiro da espingarda», uma caçadeira de canos serrados, Fernando Leitão, proprietário da ourivesaria, explicou a cena dramática porque passou, episódio que, na sua óptica, poderá colocar fim a um negócio que já tem desde 1981, «por falta de ânimo e estrutura» para aguentar o rombo que sofreu.
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Por volta das 12h45, sentiu um carro a parar com aparato e vislumbrou uma caçadeira, o que o colocou em fuga para as traseiras, tentativa frustrada pelas palavras «pára ou disparo».
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Manietado, com a arma apontada à nuca, foi obrigado a ajoelhar-se e abrir o cofre onde guardava a maior parte dos estojos com ouro. Entretanto, o indivíduo arrancou-lhe o fio que trazia ao pescoço, uma pulseira e um anel.
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Apenas teve contacto com este assaltante, que «falava um português correcto», mas, já depois de aberto o cofre, ouviu-o chamar por outros, que terão “limpo” um expositor também cheio de ouro, na parte pública da loja. Ninguém tocou nos relógios ou outras peça menos valiosas.Avisado para estar quieto, Fernando Leitão apenas saiu à rua depois de ouvir a porta a bater, ainda a tempo de ver um BMW, de cor bordeaux, com matrícula francesa, a colocar-se em fuga rapidamente.
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Alguns dos “cartões” onde é exposto o ouro seriam encontrados a alguns quilómetros de Soure, já numa zona de serra, mas dos assaltantes, considerados perigosos, nem rasto.
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Uma lojista vizinha, que não se quis identificar, disse ao Diário de Coimbra ter visto, cerca das 12h45, três indivíduos encapuzados e armados a entrarem na ourivesaria, presumindo-se que um quarto ficaria ao volante. «Fui ao funda loja telefonar para a GNR e quando voltei já tinham fugido», referiu.
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A GNR de Soure acorreu prontamente ao local, mas já não conseguiu “caçar” os indivíduos, tendo tomado as providências para isolar o local, onde a Polícia Judiciária - a quem está entregue a investigação - ainda prosseguia as perícias ao final da tarde.
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Segundo assalto em poucos anos
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Algumas horas depois do assalto, ainda bastante abalado, Fernando Leitão explicou, que se trata de um rude golpe no negócio, manifestando mesmo um grande desânimo para continuar, perante mais esta contrariedade.
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A não ajudar é o facto das peças roubadas não estarem cobertas pelo seguro, uma decisão tomada pelos altos prémios cobrados pelas seguradoras. Ao fim de 27 anos, o comerciante pondera terminar com a sua actividade.Situada na rua Alexandre Herculano, em pleno centro histórico de Soure, a Ourivesaria Leitão já foi visitada anteriormente pelos ladrões, «há cerca de meia dúzia de anos.Fernando Leitão explicou que, da primeira vez «atiraram um carro contra a montra e levaram ouro que nunca foi encontrado», frisando que era «gente que sabia o que queriam», porque deitaram fora as peças pouco valiosas.«Agora que estava a recuperar do primeiro assalto acontece-me isto», desabafou os jornalistas.
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In Diário de Coimbra
by José Carlos Salgueiro
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