As Festas de S. Mateus há muito que se transformaram no principal ponto de (re)encontro dos sourenses. A mais tradicional das festas deste concelho abre hoje e vai prolongar-se até terça feira. Durante cinco dias, a autarquia apresenta um programa recheado que, à semelhança das edições anteriores, procura envolver todas as “forças vivas” do concelho. A FATACIS, A Feira da Madeira, das Cebolas e das Nozes e o Café à Moda Antiga são apenas algumas das atracções deste certame.
Promovidas pela Associação Empresarial e Câmara Municipal de Soure, as Festas de S. Mateus assumem-se como o maior cartaz turístico da vila e do concelho, sendo o evento mais aguardado pela população. Proporcionam, como sublinha o presidente da autarquia João Gouveia “o ansiado reencontro anual e festivo de todos os munícipes e demais sourenses”.
Com um programa muito vasto, onde se destaca o Feriado Municipal, assinalado a 21 de Setembro, e a FATACIS - Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio, Industria de Soure, as Festas de S. Mateus atraem anualmente milhares de visitantes e procuram envolver todas as “forças vivas” do concelho.
“São esperados milhares de visitantes em Soure. No ano passado tivemos mais de 40 mil pessoas nas Festas de S. Mateus e é esse número que queremos ultrapassar este ano”, realça Carlos Mendes, da Associação Empresarial de Soure. Em termos de expositores, segundo este responsável, vão estar na FATACIS cerca de uma centena, sendo que “cerca de 50 por cento são do concelho”. De facto, tal como manda a tradição, a maioria dos expositores presentes no certame é oriunda de Soure.
As empresas, instituições e colectividades estão bem representadas neste evento, transformando-o numa montra de todas as potencialidades e do dinamismo concelhio. Todas as actividades económicas – do artesanato, à indústria, passando pelo comércio, cultura, acção social e ao desporto – estão presentes na FATACIS, sendo apresentadas por mais de uma centena de expositores, dispersos por uma área extensa, entre o histórico Castelo e o Rio de Anços.
“O nosso objectivo é trazer o maior número possível de empresas à FATACIS, o que neste contexto económico de crise nem sempre é fácil. De qualquer forma, vamos fazer um certame grande, que mostra bem as empresas que temos e o seu dinamismo”, explica Carlos Mendes.
A Feira da Madeira, das Cebolas e das Nozes, onde se comercializam estes três produtos tão característicos da região, são outro dos pontos fortes do evento. Descentralizar continua a ser uma das grandes apostas da autarquia e que aqui é reafirmada pela organização, ao distribuir pelos vários pontos da vila os feirantes e os espectáculos que integram o programa, aliando “história e tradição”. Destaque também para as tradicionais tasquinhas de “comes e bebes”. Estão presentes nesta edição seis tasquinhas e dois quiosques. Nas tasquinhas os visitantes vão poder saborear os petiscos da gastronomia regional, assim como o porco no espeto, o leitão, os mariscos e muitas outras iguarias. Nos quiosques o destaque vai para os doces regionais.
Carlos Mendes sublinha que estes espaços de “comes e bebes” vão promover, na Quinta da Várzea, a gastronomia regional e espera que “no próximo ano haja mais tasquinhas” nas Festas de S. Mateus.
Romaria mobiliza milhares de fiéis
Ao programa profano, aliam-se os festejos religiosos de S. Mateus, com a romaria a mobilizar milhares de devotos, muitos deles vindos de bem longe para pagar as suas promessas e fazer as suas orações. As festas encerram na próxima terça feira, precisamente com a tradicional Romaria à Capela de S. Mateus, dedicada a Santo Rício, popularmente designado por Santo Rijo. Apesar de não ter sido beatificado por Roma, são muitas as pessoas que todos os anos integram a romaria para S. Mateus, onde pagam as suas promessas com espigas de milho roubadas no percurso até à Capela. É também neste espaço, no parque de merendas, que decorre o tradicional piquenique, um dia de convívio e de partilha para todos os sourenses.
Programa abre hoje
As Festas de S. Mateus começam hoje e, segundo Carlos Mendes, deverão custar “cerca de 150 mil euros”. A sessão solene da inauguração está marcada para as 18h00, no Salão Nobre de autarquia. Na mesma altura serão entregues os prémios aos alunos do ensino secundário que se distinguiram no último ano lectivo. O programa de hoje prossegue, às 19h30, no Museu Municipal, com a abertura da exposição “Fundação Maria Luísa Ruas – 75 anos uma vida”. A abertura oficial da FATACIS está prevista para as 20h00, uma cerimónia que contará com a participação da Banda do Cercal.
Um dos pontos altos do programa está marcado para as 21h00, com a Noite de Soure. Destaque para o já tradicional Café à Moda Antiga, uma iniciativa que continua a mobilizar a população. Trata-se de uma recriação, da responsabilidade da Associação de Defesa do Património Natural e Cultural de Soure, onde as pessoas podem recordar o sabor do café de antigamente. Vestidas a rigor, as senhoras com as cafeteiras estão dispersas pela Praça Heróis Coutinho de Cabral, onde servem o café e os saborosos bolinhos.
A primeira noite é animada, a partir das 22h00, pela DJ Party Night, com Carlos Fauvrelle, Miss Pink, Lady M e Xs Monteiro.
Amanhã o programa abre às 9h00, com o Concurso de Pesca Juvenil, promovido em colaboração com o Clube de Pesca Desportiva de Soure. À tarde, às 15h30, destaque para o desfile pela Fanfarra do Corpo Activo dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Soure. Às 21h30, na Praça da República, o público pode assistir ao concerto da Filarmónica 15 de Agosto Alfarelense. Às 22h00, destaque para o Português Suave e MoneyMaker$ (da série Morangos com Açúcar). Os conceituados UHF encerram a noite, num espectáculo que promete ser memorável e que marca os 30 anos de carreira deste grupo português.
No domingo comemora-se o Dia do Município. Às tradicionais cerimónias evocativas, associa-se o programa de S. Mateus, onde se destaca, a partir das 15h00, o Encontro de Folclore do Concelho de Soure. Participam neste Encontro, que decorre na Praça da República, vários ranchos folclóricos e etnográficos – Associação Social, Recreativa e Cultural de Pouca Pena, Papoilas da Serra, Ribeira da Mata, Alfarelos, Santa Casa da Misericórdia de Soure, Samuel, Freguesia de Tapeus, Centro Social do Sobral e Granja do Ulmeiro. Às 21h00, actua no mesmo espaço o Grupo Musical Gesteirense e a Sociedade Filarmónica e Beneficiente Vilanovense. O programa prossegue com a Grande Noite do Fado – Lisboa e Coimbra, uma das novidades desta edição e que promete seduzir o público, a partir das 22h00. A noite encerra com os concertos GTT e Viva Brasil.
Na segunda feira realiza-se, a partir das 10h00, na Praça da República, o Torneio de Remo Sem Limites – Remo Adaptado, promovido em colaboração com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. À noite o destaque vai para o espectáculo de Quim Barreiros. Na terça feira, último dia das Festas de S. Mateus, realiza-se às 16h00, no Parque de Merendas de S. Mateus, o tradicional pic nic popular, animado pelo Rancho Típico de Paleão. O programa encerra com um baile popular na Praça da República, a partir das 20h00.
Soure: um concelho onde história e tradição se conjugam
As Festas de S. Mateus atraem todos os anos, por esta altura, milhares de visitantes a Soure. Atraídos pelo vasto programa festivo, aproveitam para conhecer melhor as suas belas paisagens e o património histórico desta vila, onde História, cultura e tradição se conjugam-se. Se ainda não o fez, parta à sua descoberta.
Largos milhares de pessoas aguardam pelo mês de Setembro para visitar Soure. As Festas de S. Mateus são uma das grandes referências no concelho, atraindo nestes dias pessoas dos mais variados pontos do país. Apesar de ser conhecida como o “ponto de encontro dos sourenses”, é também a festa da população da região que aproveita esta altura para visitar Soure.
A história repete-se nos próximos dias. De hoje a terça feira a vila vai ser percorrida por milhares de pessoas. Tal como tem acontecido nos últimos anos, os visitantes não se limitam a participar e assistir aos festejos religiosos e ao programa profano que anima a vila. Aproveitam também para conhecer Soure, as paisagens, o património, a cultura e as tradições.
De facto, Soure foi “bafejado” por uma paisagem ímpar, marcada pelos dois rios que atravessam o concelho. Na paisagem emerge também, pela sua imponência, o Castelo que, juntamente com os de Santa Olaia, Montemor-o-Velho, Penela, Miranda do Corvo, Lousã e Germanelo, assumiu um determinante papel na linha defensiva de Coimbra, definitivamente reconquistada em 1064.
Este Castelo “rasga” a paisagem, surgindo imponente e majestosamente numa das principais artérias da vila. O edifício e a área circundante, pontos de visita obrigatória, guardam ainda muitas memórias da História do país. Os elementos romanos, visigóticos e medievais atestam a sua antiguidade, como o comprovam os silhares romanos de cantaria; o “Ajumez”, datado da primeira metade do século XI; e os muros medievais.
Ao passar por Soure não pode deixar de visitar ainda o Museu Municipal, onde se encontram também marcos do passado, como um sarcófago proveniente de um mausoléu romano; a Igreja de S. Tiago, um templo gótico edificado em 1490 por ordem de D. Manuel I; a Igreja da Misericórdia, datada do século XVIII; e a Capela de S. Mateus, uma construção do século XII. Na vila, destaque para o núcleo habitacional, com as frontarias oitocentistas de velhas casas apalaçadas, com traçado elegante e com fachadas bem ordenadas.
Não pode deixar de dar também um passeio pela Quinta da Várzea e de saborear, nos restaurantes locais, algumas das especialidades da região, como as enguias fritas, um arroz de pato ou a chanfana. Quanto a doces não esqueça o pão-de-ló de Soure e os biscoitos de azeite.
In O DESPERTAR
by Zilda Monteiro
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