Nem um hospital escapou à onda de assaltos levada a cabo por um grupo de 35 jovens, que começam hoje a ser julgados, na Marinha Grande, estando acusados de mais de 300 crimes, a maioria dos quais furtos, sobretudo a viaturas, na região Centro, perpetrados em apenas onze meses.
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O julgamento irá realizar-se no auditório da Biblioteca Municipal e será um dos maiores dos últimos anos na Marinha Grande. O processo resultou da apensação de 142 inquéritos investigados sob a orientação da Procuradoria da República de Leiria e só para redigir o despacho de Acusação o Ministério Público precisou de 336 páginas.
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No entender do Ministério Público, o grupo era liderado por José Sousa, de 24 anos, natural de Leiria, que se encontra em prisão preventiva e está acusado da prática de 125 crimes. Dos outros arguidos, 23 estão acusados de mais de uma centena de crimes e apenas 11 respondem por um número inferior de delitos.
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De acordo com a investigação, o grupo de assaltantes – o mais novo dos quais com 16 anos – furtou mais de uma centena de carros na região Centro, que depois eram vendidos ou simplesmente abandonados depois de já não serem necessários. Três das viaturas furtadas foram incendiadas, uma foi lançada ao rio e outra destravada numa descida, só parando depois de danificada.
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Em várias ocasiões, os assaltantes envolveram-se em acidentes de viação – há registo de pelos menos 13 ocorrências – ao que não será alheio o facto de conduzirem a “grande velocidade”. Tinham ainda por hábito contornar as rotundas duas vezes.
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Para além dos furtos de e no interior de viaturas, o grupo é suspeito de assaltar escolas, cafés e outros estabelecimentos, um armazém, uma casa, um pavilhão polidesportivo e até um hospital.
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Entre os vários crimes de que estão acusados, em co-autoria, constam os furtos, introdução em lugar vedado ao público, dano, receptação, burla informática – por terem usado cartões multibanco que estavam nas viaturas furtadas – auxílio material e condução perigosa, tráfico de droga e condução ilegal.
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NUMA NOITE FURTARAM 5 CARROS
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A onda de assaltos imputados aos 35 arguidos começou em Março de 2004 e só parou em Fevereiro de 2005, com a intervenção das autoridades policiais e o desmantelamento do grupo, com residência em Leiria (23), Soure (6), Batalha (3), Fátima (2) e na Marinha Grande (1).
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Os crimes ocorriam sobretudo durante a noite, em zonas residenciais ou junto a bares e discotecas, em locais com pouca iluminação, mas onde havia muitos veículos estacionados. Quando usavam os cartões multibanco que encontravam no interior das viaturas furtadas, optavam pelos terminais sem videovigilância e para dificultar a sua identificação usavam gorros e luvas.
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O primeiro crime terá sido o furto de um carro, em Alcobaça, mas chegaram a fazer cinco furtos em apenas uma noite. Durante onze meses, o grupo executou, em co-autoria, mais de 300 crimes, nos concelhos de Leiria, Batalha, Porto de Mós, Marinha Grande, Pombal, Ourém, Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos, Ansião, Figueira da Foz, Coimbra, Aveiro, Ovar, Azambuja e Tomar.
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ESTADO VAI PEDIR INDEMNIZAÇÃO
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O processo tem mais de 20 queixosos, um dos quais de nacionalidade estrangeira, que se sentem lesados pela acção criminosa dos jovens assaltantes. Entre os queixosos estão ainda o Instituto Pedro Hispano e os agrupamentos de escolas de Soure EB 2,3 e Josefa de Óbidos.
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No início do julgamento, o Procurador do Ministério Público, em representação do Estado, irá requerer o pagamento de pelo menos uma indemnização de cinco mil euros pelos furtos e danos causados pelo grupo de assaltantes em escolas básicas situadas nos concelhos da Marinha Grande, Óbidos e Soure.
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À data da Acusação, em Janeiro deste ano, três arguidos estavam em prisão preventiva, quatro em prisão domiciliária e dois estavam obrigados a apresentações periódicas.
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MEGAPROCESSO
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18 sessões. A primeira sessão do julgamento está marcada para as 09h00 de hoje, no auditório da Biblioteca Municipal da Marinha Grande. Mas o tribunal já agendou 18 sessões, a realizar até Setembro.
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16 concelhos. Os crimes de que os 35 jovens estão acusados foram cometidos em 16 concelhos da região Centro do País. As boas ligações rodoviárias facilitavam a fuga do local dos crimes.
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80 carros. Só o alegado líder do grupo está acusado, em co-autoria, do furto de 80 carros e de mais 45 outros crimes. O jovem de 24 anos está em prisão preventiva.
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175 testemunhas de Acusação. As testemunhas arroladas são mais de três centenas. Só a Acusação notificou 175 pessoas para depor em Tribunal. As restantes depõem pela Defesa.
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142 inquéritos. Este processo foi iniciado em 2004 e resulta da apensação de 142 inquéritos que estavam dispersos em vários tribunais. A Acusação tem 336 páginas.
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