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"Sou profissional em Educação Física, comecei a trabalhar em alguns projectos em Soure, depois recebi um convite da Académica para trabalhar em futsal, estive o ano passado no Instituto D. João V e vim parar depois ao Benfica. "
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Fazendo um flash-back ao cidadão Adil Amarante, como se revê na sociedade?
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Saí de uma cidadezinha, que aqui em Portugal seria uma vila, chamada Esmeralda, para começar formação profissional, tirando o curso de educação física, na Universidade. A partir desse momento, quando estava no segundo ano, fui convidado por um amigo para trabalhar como preparador físico, e fui. A partir daí, começamos a seguir a nossa trajectória como profissionais de futsal, estávamos em 1985. No momento em que conclui o curso, em 1987, integrei a equipa da Associação Atlética Enxuta, aí já trabalhando no regime profissional, na área de formação, no apoio à equipa principal, na altura era treinador o Nei Pereira. Continuando no Futsal, seguiu-se outra equipa com bastante expressão no Brasil, que era o Vasco da Gama. Foi muito bom, porque trabalhei com o Jari da Rocha, mais conhecido por Jarico, actualmente a treinar uma equipa espanhola, e tive a oportunidade de conviver com outros treinadores e participar em outros projectos.
Foi uma base de formação na minha carreira, depois em 1998 foi a vinda para Portugal, quando a família decidiu regressar, assumindo então funções de professor de educação física e ao mesmo tempo trabalhando no futsal, e agora mais recentemente, novamente num projecto profissional, que eu já tinha feito ao nível do Brasil.
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Família, casado com mulher portuguesa?
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A minha família toda é de origem portuguesa. Pela parte do pai é de Amarante, por parte da mãe é de Ponte de Lima, mas nascemos no Brasil, e eu conheci a minha esposa Alexandra, no Rio Janeiro, quando fui passar uma temporada de férias, em 1990. Mas eles emigraram para o Brasil no ano de 1974, ou seja, são da região de Soure, centro do País, e foi lá que nos conhecemos.
A ligação com Portugal é uma ligação antiga, e depois de ter casado e convivido com a colónia portuguesa do Rio de Janeiro, fez com que nós tivéssemos mais vontade de regressar, eu conhecer a terra da minha origem e ela regressar à sua terra, que deixou com 9 anos de idade. Viemos de férias em Setembro de 1998, vimos aqui as coisas como funcionavam, eu achei que dentro da minha profissão seria uma oportunidade de começar um trabalho aqui. Fomos bem recebidos pelos nosso familiares, conseguindo dar o salto para chegar onde cheguei hoje.
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Ao sair de Soure ingressando no Benfica, processou-se uma mudança radical na sua vida. Como viveu a sua adaptação, a transição de um mundo pequenino para um grande mundo, stressante, muita gente, passando do sossego para a confusão?
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Acho que pela nossa profissão podemos ser considerados nómadas. Eu já vinha de uma região e uma cidade grande, nos últimos oito anos eu vivi no Rio Janeiro, com uma população de 10 milhões de habitantes. É mais difícil uma pessoa adaptar-se quando sai de um centro pequeno para um grande, do que quando você faz o contrário, e eu tive a felicidade de na minha trajectória toda por clubes, por onde passei mesmo em funções de trabalho, de sair de um centro menor para um centro maior, até chegar ao Rio Janeiro. Depois vim para a região centro de Portugal, reviver assim as minhas origens, muito semelhante ao interior, Rio Grande Sul, onde eu nasci, onde é o meu chão, então foi importante essa volta, como se eu tivesse voltado ao passado, e este salto para o Benfica é como o retomar de uma trajectória que não estava muito distante pelo facto de ter vivido algum tempo no Rio Janeiro. Não senti muita diferença de adaptação, a única diferença é estar afastado da família, pois a Alexandra vive em Soure e eu vivo em Lisboa, a distancia entre nós é que atrapalha um pouco, mas de resto a adaptação não foi difícil.
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A ligação à família: o que representa isso para si?
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Acima de tudo a gente faz uma coisa que gosta. Alexandra costuma brincar comigo dizendo que ganho dinheiro onde muitas pessoas pagam para se divertir, essa ligação e o apoio que ela me dá é fundamental. Tenho mais que agradecer à família que eu tenho, principalmente à Alexandra, o meu familiar directo pelo apoio e incentivo, pois sem ela seria mais difícil, assim é mais fácil controlar e até aparar alguns problemas que acontecem na profissão que a gente tem.
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O Benfica é o patamar mais alto da sua carreira desportiva?
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Aqui em Portugal, não menosprezando nenhum outro clube ou equipa, eu acho que aqui seria o ponto alto para qualquer treinador. Treinar o Benfica, para mim é um orgulho, trabalhar numa instituição como o Benfica, acima de tudo e por tudo o que representa a nível de clube. É uma secção que recebe super bem, onde conseguimos desenvolver um trabalho super profissional e eu pude retomar uma actividade profissional dentro do futsal, com todas as condições para poder realizar aquilo que penso ao nível de trabalho.
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Para terminar qual é a sua mensagem?
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Que o futsal, que todos os agentes do futsal se unam unicamente em cima da causa de futsal. Que possam deixar de lado as vaidades, os objectivos pessoais, porque se nós trabalharmos todos unidos, com os mesmos interesses e objectivos, com certeza que o futsal cresce, agora se nós começarmos a olhar para o nosso próprio umbigo certamente que vamos ser condenados ao fracasso.