Desde segunda-feira que o Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) se encontra a realizar interrupções voluntárias da gravidez (IVGs), mas apenas as provenientes de utentes da área de influência da instituição.
.
Os objectores de consciência não são em número que comprometa a capacidade de resposta na realização de interrupções da gravidez a pedido da mulher.
.
A directora clínica, Teresa Monteiro, confirmou a O Figueirense que as duas consultas disponibilizadas pelo HDFF já foram utilizadas, “por menos de dez mulheres”, estando os casos a ser seguidos pelos especialistas, conforme as determinações legais.
.
Objectores de consciência não comprometem IVGs
.
Apesar de haver objectores de consciência entre os médicos e enfermeiros deste hospital, Teresa Monteiro garante que o seu número “não compromete a realização de IVG’s”, até porque se estima que “em 95 por cento dos casos” o procedimento adoptado seja o da IVG com recurso à administração de medicamentos – a chamada pílula abortiva – já disponíveis na instituição.
.
“Tudo começa com uma consulta prévia, com ecografia que comprove o tempo de gestação inferior às dez semanas previstas na lei”.
.
Nessa consulta é entregue à mulher um documento sobre o consentimento livre e esclarecido para a interrupção da gravidez, que deve ser devolvido e assinado depois de um período não inferior a três dias.
.
Entregue o documento em nova consulta, há um novo período, de cinco dias, e posteriormente, no caso da IVG medicamentosa, a intervenção “carece apenas da intervenção do médico”, que prescreve/administra os medicamentos.
.
“Só nos casos das IVGs por intervenção cirúrgica será necessária a presença de enfermeiros”.
.
Aconselhamento, acompanhamento e encaminhamento
.
Sublinhe-se que é à utente que cabe optar pela IVG com medicamentos ou por intervenção cirúrgica, não obstante haver lugar ao parecer médico.
.
Realizada a IVG, a utente deve regressar duas semanas depois, para um novo exame “que comprove o êxito da IVG”, e para a introdução de um método anticoncepcional, no âmbito de uma consulta de planeamento familiar, “para que não volte a ocorrer uma gravidez indesejada”.
.
A utente é então encaminhada para o seu centro de saúde, com toda a informação processual, para que seja seguida em consultas de planeamento familiar.
.
“Leiria resolveu os seus problemas”
.
Sobre a hipótese, vinda a público, do HDFF receber utentes do distrito de Leiria, em virtude de haver um número de objectores de consciência que comprometiam a realização de IVGs, a directora clínica adiantou a O Figueirense que “a situação já foi ultrapassada”, tendo o Hospital de Santo André, em Leiria, contratado o pessoal médico necessário a dar resposta às utentes da sua área de influência.
.
“A mulher pode escolher livremente onde quer realizar a IVG, mas está sujeita à linha de referenciação do HDFF”.
.
Figueira e arredores
.
“A nossa linha de referenciação pura é o concelho da Figueira da Foz, mas a área de influência do HDFF é muito maior… abrange cerca de 120 mil habitantes”, chegando a parte de Montemor, SOURE, etc.”, explica Teresa Monteiro. A directora clínica garante ainda que o HDFF atenderá as solicitações de IVG “enquanto tiver capacidade”, encaminhando eventuais casos a que não possa dar resposta, por incapacidade de meios, para a maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra.